7 de out. de 2024

Oficina Antropologia em Licenciamento Ambiental com Povos Indígenas e Quilombolas

 Promovido pelo PPG em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/Ufam), a Oficina Antropologia em Licenciamento Ambiental com Povos Indígenas e Quilombolas que é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (Lepapis), acontecerá no dia 7 de outubro de 2024, às 14h, em formato on-line dia 7 de outubro de 2024 as 14hs (Horário de Manaus) pelo link https://meet.jit.si/AntropologiaLicenciamentoAmbientalPPGASUFAM.

Sob a coordenação de Nuno Nunes, pós-doutorando do PPGAS, a Oficina será transmitida on-line, por meio do Youtube do Lepapis no link https://www.youtube.com/@lepapisufam

De acordo com a coordenação, a oficina objetiva apresentar a Legislação Ambiental, Direitos Indígenas e Quilombolas em processos de Licenciamento Ambiental e a participação de Antropólogxs.  Conforme o resumo: a Lei 6.938/81 em seu artigo 10 determina a necessidade de licenciamento para as atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

Reafirmado pelo Artigo 225, da Constituição Federal de 1988, em que prevê que todos os brasileiros e brasileiras têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Deste modo, diz Nuno Nunes, a resolução 237/97 do Conselho Nacional de Meio Ambiente, em seu artigo 4, estende o direito a ter estudo específico de licenciamento aos Povos Indígenas e Quilombolas quando suas terras foram impactadas. A Portaria Interministerial 60/15 regulamenta como devem ser realizados os Componentes Indígena e Quilombola do Licenciamento Ambiental com as modalidades de Estudos, Plano Básico Ambiental e execução de Programas que garantam o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as atuais e futuras gerações das comunidades, completou o coordenador.

Contudo, os procedimentos seguem metodologias de consulta conforme a Convenção 169/OIT entre outras para expressar as perspectivas Indígenas dos impactos e das medidas para diminuir ou compensá-los. Compreender como Antropólogxs têm a função de coordenar as equipes durante todo o processo nas áreas cartográficas, fundiárias, agronômicas, ecológicas, geográficas, socioeconômicas, históricas e antropológicas.

Mais informações pelo telefone: (48) 99193-0498 (Nuno Nunes)

Currículo: http://lattes.cnpq.br/9644611439441978

Instagram @LEPAPISUFAM 

lepapis-ufam.blogspot.com

25 de ago. de 2024

II Jornadas de Leituras Transversais de Antropologia e Filosofia

O Laboratório de Estudos Panamazônicos, Prática de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia e do Programa de Antropologia Social (PPGAS), Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) convida para participação da II Jornadas de Leituras Transversais de Antropologia e Filosofia que ocorrerá em formato on-line dias 11, 18 e 25 de setembro de 2024.

Inscreva-se em https://www.even3.com.br/ii-jornadas-de-leituras-transversais-de-antropologia-e-filosofia/


Programação:

11 de setembro de 2024 (18:30 - 20:30  Horário em Manaus, AM)

Coordenador/Moderador: José Exequiel Basini Rodriguez (PPGAS/UFAM)

Tema: A antropologia como linguagem roubada e sua analogia com o mito.

Resumo: A antropologia tem procedido sempre com recurso do roubo semântico ou a captura conceitual. Nesta sessão abordaremos situações etnográficas que ilustram este procedimento.


18 de setembro de 2024 (18:30 - 20:30  Horário em Manaus, AM)

Coordenador/Moderador: Nuno Nunes (PPGAS/UFAM)

Tema: E se Lévi-Strauss tivesse lido os fractais.

Resumo: Em alguns dos seus últimos textos, Lévi-strauss se interessou pela temática dos fractais e refletiu que poderia ter compreendido as mitológicas desde esta  perspectiva semântica.

Textos: Benoit B. Mandelbrot, Lévi-Strauss, Manuela Carneiro da Cunha, Roy Wagner, Tania Stolze Lima, José Antonio Kelly Luciani,  Oscar Calavia Saéz, Danièle Dehouve


25 de setembro de 2024 (18:30 - 20:30  Horário em Manaus, AM)

Coordenador/Moderador: Francisco Guerra Ferraz (FILO/UFAM)

Tema: Espinoza e o paradoxo vinculado à agudeza dos sentidos para responder à sociedade do seu tempo.

Resumo: Através do instigante assunto (agudeza paradoxal) Ferraz traz alguns dilemas para a antropologia disciplinar refletir, nas formas do conhecer e comunicar-se desde uma perspectiva espinoziana.

15 de mar. de 2024

34RBA: Processos e histórias transfronteiriças de coletividades em movimento - Os desafios da mobilidade indígena na atualidade

 Estamos no Grupo de Trabalho 88 na 34ª Reunião Brasileira de Antropologia da Associação Brasileira de Antropologia

GT 088: Processos e histórias transfronteiriças de coletividades em movimento - Os desafios da mobilidade indígena na atualidade


Coordenação:

Renato Monteiro Athias (UFPE),
José Exequiel Basini Rodriguez (UFAM)

Descrição: Todas as pessoas se movem. A mobilidade é uma condição humana. Pelo menos isto é fortemente apoiado por estudos antropológicos referentes às dinâmicas das relações interétnicas, geo espaciais, bem como, as geopolíticas em transformações na atualidade. Esta proposta de GT visa atualizar a discussão antropológica sobre os atuais movimentos de coletividades indígenas que mostram uma especificidade com relação com as narrativas mitológicas, histórias de deslocamentos territoriais, itinerários e trajetórias de vida sobre movimentos na atualidade geo espacial. Dentro desta abordagem abrimos o debate para de um lado mapear essas mobilizações na história e etno-historia dos povos originários, em algumas regiões de contato interétnico e muito linguístico, debater alguns elementos críticos, relativos ao uso de classificações legais e justificativas políticas de alguns governos, para prevenir ou adiar a entrada de pessoas em movimentos nas fronteiras ditas oficiais e nas fronteiras não oficiais. E, sobretudo, elencar as diversas motivações coletivas para a realização de mobilidades no contexto de uma região e sua geopolítica, especificamente pode-se falar das regiões do Noroeste Amazônico especificamente, as regiões das fronteiras com o estado de Roraima, as regiões amazônicas da tríplice fronteiras no Rio Solimões, as fronteiras nas região do Estado de Rondônia tanto com a Bolívia, quanto com o Peru, ou ainda as fronteiras dos estados do Mato Grosso e Rio Grande do Sul.



Sessão 1
Local: Sala A 307 - CAD 3
  • Sandro Martins de Almeida Santos (UFRR)
    Circuitos Warao: parentesco, xamanismo e outros trânsitos
    Resumo: Desde 2016, um coletivo indígena vem chamando atenção de pesquisadores e autoridades brasileiras por suas práticas migratórias. Eu mesmo venho acompanhando o processo desde 2017. Trata-se do povo Warao, originário da Venezuela, que se encontra esparramado hoje por quase todos os estados do Brasil. A comunicação tem como objetivo apresentar reflexões acerca das conexões que os Warao vêm estabelecendo entre seu território tradicional, no delta do rio Orinoco, e uma série de cidades brasileiras, tais como Boa Vista, Manaus, Teresina, João Pessoa, Belo Horizonte e outras. Os caminhos Warao são pavimentados, sobretudo, por suas relações de parentesco e também por suas práticas xamânicas ligadas ao adoecimento e à cura. A ferramenta analítica dos circuitos, advinda da antropologia urbana, é empregada como tentativa de acompanhar não somente os caminhos Warao, mas compreender o que trafega e dá sentido à conexão entre pessoas, coisas e lugares, buscando evitar a dicotomia enganosa entre “indios aldeados" e “índios na cidade". Os Warao chegaram para fazer parte das paisagens urbanas brasileiras e vêm constituindo uma multiplicidade de circuitos envolvendo indígenas e não indígenas: parentesco, xamanismo, artesanato, trabalho de rua, movimento indígena, entre outros. Evidencia-se que a intensidade das chegadas e partidas Warao não obedece a uma lógica utilitarista. Pesquisas recentes, além das minhas próprias, vêm demonstrando como os Warao aliam as necessidades de sobrevivência com as suas obrigações de parentesco, mobilizando e fazendo chegar coisas e informações a pessoas que vivem em diferentes partes do Brasil e na Venezuela. O destaque nesta comunicação são os processos relativos à circulação de cuidados (idosos, crianças e enfermos), às trocas matrimoniais e ao pagamento de dívidas com "brujos" (cura e proteção). As chegadas de grandes contingentes, as partidas inusitadas e o retorno eventual à Venezuela, aspectos que causam confusão entre as equipes responsáveis pelos acolhimentos institucionais, oferecem complexidade à compreensão do fenômeno que abarca dois problemas prementes de política pública no Brasil: a migração transnacional e o direito dos povos indígenas em situação urbana. Desde que ganharam visibilidade no Brasil, a partir de 2017, os Warao vêm sendo tratados pelas autoridades como migrantes e refugiados. Acessam políticas para migrantes e se somam aos povos originários do Brasil na denúncia de uma violência histórica: a inexistência de políticas diferenciadas para indígenas em contextos urbanos.
  • Arturo Manuel Gonzalez Rosas (IPEC)
    Projetos soberanos do Estado-nação e a produção de limites em uma região trifronteiriça amazônica
    Resumo: A apresentação é resultado de um trabalho de campo de 18 meses na região da tríplice fronteira da floresta amazônica em três comunidades Ticuna que compartilham identidade étnica, mas estão localizadas em três estados-nação diferentes: Brasil, Peru e Colômbia.
    É melhor caracterizar o cenário da minha investigação como uma região transfronteiriça onde as pessoas se deslocam ou viajam através de diferentes tipos de limites. Estas travessias reforçam, desgastam e moldam diferentes realidades. A região tríplice fronteira amazônica não é apenas a confluência de três entidades nacionais, mas uma região com dinâmicas e características próprias, onde fatores locais, nacionais e internacionais se entrelaçam para criar dinâmicas regionais distintas. Os elementos determinantes dessas dinâmicas giram em torno da delimitação de ordens sociais diferenciadas que o povo Ticuna domina e por meio das quais opera. As travessias destas realidades são marcadas por limites de natureza diversa: fronteiras políticas, económicas e socioculturais.
    Utilizando descrições etnográficas, abordarei os diferentes níveis em que os projetos nacionais instituem ordens administrativas e territoriais dentro de suas jurisdições, e o impacto cotidiano que estas têm sobre os Ticuna. A noção de ordem interna liga estas regiões periféricas à nação e ao seu centro. A etnografia é utilizada para problematizar a presença do Estado onde diferentes políticas indigenistas refletem os níveis de autonomia em que os Ticunas são incorporados aos projetos nacionais.
    As fronteiras dividem e diferenciam três modelos diferentes de territorialidade Ticuna com diferentes estatutos jurídicos e direitos legais diferenciados sobre suas terras. Este mosaico de diferentes ordens soberanas é desafiado pelas práticas quotidianas de pessoas que desafiam continuamente estes limites, corroendo as imposições do Estado, contrabandeando mercadorias, tendo identidades diferentes ou construindo comunidades transnacionais baseadas em laços familiares.
  • Marcos Flávio Portela Veras (UNIVERSIDADE EVANGÉLICA DE GOIÁS)
    Mobilidade e a (in)visibilidade indígena na história ambiental de Goiás
    Resumo: Essa comunicação aborda algumas reflexões preliminares de uma pesquisa sobre a presença/ausência indígena na história ambiental de Goiás no âmbito de uma pesquisa de Pós-Doutorado. A baixa densidade demográfica indígena neste estado brasileiro suscita questionamentos e aponta para processos de invisibilidade histórica em virtude de intervenções sociais dos mais diversos agentes de intervenção. Sendo uma das regiões onde o agronegócio mais se expandiu, especialmente a partir da Marcha para o Oeste produzida pelo Estado Novo, dentro das estratégias capitalistas de incorporação de novos territórios, inevitavelmente as populações tradicionais teriam sido pressionadas a se dispersarem ou se submeterem. A falta de informações sobre a presença indígena nos estudos de história ambiental fomenta investigações que elucidem trânsitos e mobilidades que lhes estejam associados. Com o propósito de compreender os processos sociais envolvendo as populações originárias de Goiás nas relações com os agentes de intervenção que resultaram em sua população atual, proponho uma aproximação epistemológica do conceito de fronteira utilizada na história ambiental, uma abordagem relacional e móvel do território e os processos históricos relacionados a história indígena. Logo, pensar as mobilidades indígenas que já foram atestadas em outras áreas etnográficas podem ser caminhos pertinentes para elucidar a questão levantada.
  • Lirian Ribeiro Monteiro (UFBA)
    Entre os caminhos de curar e adoecer: Os Awa Guajá e seu itinerário terapêutico.
    Resumo: Os Awa Guajá, um povo de recente contato, são exímios caçadores da Amazônia Maranhense. Desde a década de 80, eles passaram por mudanças drásticas em seu estilo de vida. Nesse período, foram transferidos do interior da floresta para uma área mais próxima dos povoados não indígenas do entorno da Terra Indígena Caru, que é seu território homologado e compartilhado com o povo Guajajara e grupos isolados. Segundo os Awa, a partir do processo de aldeamento – onde hoje localizam-se as aldeias Awá e Tiracambu - passaram a viver de forma mais aglomerada, diferente de sua própria organização espacial no interior da floresta, onde viviam mais dispersos em grupos familiares pequenos. Nessa transição, da vida em floresta para a vida em aldeia, começaram a se acostumar com a comida dos Karaí (não indígenas), tal como carne de gado, frango, arroz, feijão, sal, açúcar, café e farinha; a morar em casas de pau a pique e a ter contatos cada vez mais frequentes com os não indígenas. Com as mudanças em seu estilo de vida, as doenças se proliferaram, e com isso, surgiu a necessidade de atravessar da aldeia à cidade para o atendimento hospitalar. Este trabalho apresenta os principais resultados das discussões realizadas com os Awa Guajá, entre 2018 e 2023, sobre processos de cura e adoecimento com relação entre três mundos distintos: floresta-aldeia-cidade, compreendendo aqui a floresta como o mundo Awa, a cidade como o mundo dos não indígenas e a aldeia como um espaço de fronteira.
  • Alessandro Ricardo Pinto Campos (UFPA)
    Fronteiras, Mobilidade e Defesa do Território do povo Ka’apor
    Resumo: Na sua língua do tronco Tupi, a palavra Ka’apor, significa “gente que mora na mata”. Esta TI compreende parte dos municípios de Araguanã, Centro Guilherme, Centro Novo do Maranhão, Maranhãozinho, Nova Olinda do Maranhão, Santa Luzia do Paruá e Zé Doca, perfazendo uma extensão de 5.304 km2. Os Ka’apor dividem esse território com outros povos, estabelecendo relações próximas como casamentos interétnicos e também de conflito, são eles os Tembé, Awa-Guajá, (também de língua Tupi) e os Timbira (de língua Jê). Ao longo dos tempos, toda esta região tem sido cenário de conflitos interétnicos provocados sempre por invasões por não indígenas. Ainda no século XIX, esses conflitos estavam vinculados à intensificação não controlada de economias extrativas, tais como garimpo de metais preciosos. Cabe ressaltar que a esta atividade extrativista soma-se a sempre presente exploração madeireira e pecuária. Em 1873 estes episódios forçaram o deslocamento dos Ka’apor da região do rio Piriá, onde viviam, para a região do rio Gurupi onde estão atualmente. O povo Ka’apor se organizou em uma forte Associação presidida pelo cacique geral Iracadju, Associação Ka’apor Ta Hury do Rio Gurupi que bravamente resistindo às constantes invasões, sobretudo através de duas táticas: a criação de aldeias em pontos estratégicos e a criação do projeto “guardiões da floresta” (uma equipe treinada e equipada para defender seu território de invasores. Com ações periódicas esses guardiões passam vários dias na mata limpando suas fronteiras, destruindo pontes clandestinas e sempre em contato com a Policia Federal e FUNAI. Na fala de Iracadju: “Os guardiões foram formados assim. Nós Ka’apor, nós jovens... não é só nós jovens. Os mais velhos vinham fazendo monitoramento do seu território. Desde quando vai caçar antigamente, levava toda a família, já faz parte de monitoramento. Nós só mudamos o nome. Hoje os Guardiões. Só mudamos a atividade também. Por exemplo, antigamente Ka’apor não fazia picada grande. Porque? Porque não tinha invasor, não tinha caraí perto. Eles caçavam normal. A família, um mês caçando, chegava com um bocado de caça. Então só mudamos o nome. Porque hoje nós criamos guardião? Guardião da floresta. Assim como sou coordenador geral da Associação, eu cuido mais da parte de gestão da Associação, projeto... alguns recursos... quando a gente faz o plano, porque os Guardiões já vinham trabalhando. Nós vínhamos trabalhando no monitoramento. Isso sem apoio. Sem combustível, sem carro, sem drone, sem câmera, sem nada. Agora estamos equipados”, Este artigo trata destas principais táticas e tentativas de resistência e monitoramento de seu território.
  • Daniel Tavares dos Santos (FUNAI)
    Indígenas em deslocamento institucional e a (des)articulação das redes de proteção de direitos sociais no estado do Amazonas – Brasil.
    Resumo: Segundo os dados Censo Demográfico 2022, o estado do Amazonas possui o maior contingente populacional indígena do Brasil, com mais de 490 mil indígenas, correspondendo à cerca de 28,98% da população indígena do país. Destes, cerca de 71 mil vivem na cidade de Manaus que, assim, abarca a maior concentração populacional de indígenas por município. Manaus concentra, também, quase 50% da população do estado do Amazonas, com mais de 2.000.000 de habitantes.
    Essa concentração populacional também se manifesta em uma alta concentração de equipamentos sociais, educacionais e de saúde, que relega grande parte do interior do estado do Amazonas à uma dependência institucional frente à capital. É em Manaus que se encontram, por exemplo, as unidades de saúde de média e alta complexidade; os campi universitários com maior oferta formativa para os estudantes; os equipamentos de cumprimento de medidas socioeducativas, o aeroporto com saída para outros estados e países, entre outros. Atrelado a essa concentração há uma densa mobilidade de coisas e pessoas, incluso aí os indígenas.
    Neste trabalho, pretendo refletir acerca dos deslocamentos de indígenas, mediados/realizados por instituições, sejam elas governamentais ou não, e como as redes de proteção, promoção e garantia de direitos sociais e de cidadania são articuladas e/ou se articulam (ou não) para o atendimento e suporte à estes indígenas. Para tanto irei utilizar, para análise, de dois casos que considero emblemáticos e que reverberaram essa (des)articulação interinstitucional. São eles: i) O caso do indígena Tadeo Kulina (da etnia madija kulina), residente em Envira-AM, na fronteira com o estado Acre, brutalmente assassinado enquanto acompanhava sua esposa em uma maternidade da cidade de Manaus, com deslocamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas e; ii) o dos jovens indígenas da região do Alto Rio Negro que, residentes em São Gabriel da Cachoeira, foram deslocados institucionalmente pela “Associação Solidária Humanitária do Amazonas – ASHAM” que, sob comando de missionários islâmicos turco, mantinham os indígenas em condições precárias e em regime de internato religioso na cidade de Manaus, com o argumento de facilitação do acesso à educação e à formação profissional.
  • Diego Omar da Silveira (UEA)
    Os Hixkaryana em Nhamundá (AM): experiências entre o indigenismo e a história pública
    Resumo: O presente trabalho discute a construção e a repercussão da exposição intitulada “Hixkaryana: história e cultura indígena em Nhamundá”. Trata-se de um projeto desenvolvido no âmbito da Lei Aldir Blanc, com recursos do edital Amazonas Criativo (2021-2022) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Amazonas. Sua proposição baseou-se no diagnóstico de que a população dessa pequena cidade situada na divisa do estado com o Pará conhece e dialoga muito pouco com os Hixkaryana, etnia que habita os rios Nhamundá e Jatapu e cuja Terra Indígena Nhamundá-Mapuera ocupa parte significativa do município. A primeira etapa do trabalho, apoiada pela Prefeitura de Nhamundá, consistiu em percorrer as treze aldeias Hixkaryana, produzindo uma vasta documentação visual; o que, por sua vez, subsidiou segunda etapa, de pesquisa e seleção de material para a montagem da exposição em sala anexa ao palco de eventos da principal praia da cidade – local visível e de fácil acesso à maioria dos habitantes da área urbana. Além das fotografias, nessa etapa foram agregados dados demográficos, mapas, objetos da cultura material e pequenos relatos de indígenas. Por fim, apresentamos o resultado da exposição e sua repercussão entre os visitantes em geral e estudantes da rede pública, o que nos tem permitido também refletir sobre a soma de esforços entre entidades indigenistas – no caso de Nhamundá, é marcante a presença do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ) – e universidade no sentido de produzir também sobre os povos indígenas uma história pública, voltada não apenas para acadêmicos, mas a públicos cada vez mais amplos.
  • José Exequiel Basini Rodriguez (UFAM)
    Pueblos indígenas e indigenismos en América Latina: los desafíos transfronterizos y la seguridad de los estados
    Resumo: La discusión sobre pueblos indígenas y estados nacionales, así como indígenas en situación en frontera, vienen siendo temáticas recurrentes en los grupos de trabajo y otras modalidades de discusión promovidas dentro de las reuniones de antropología regionales y nacionales.
    En esta oportunidad proponemos una reflexión diferenciada a nivel continental en relación a la representatividad, auto-afirmación y autonomías de los pueblos indígenas así como su relación con los estados nacionales y actores não indígenas (indigenismos). La legitimidad de unos y otros puede verse a través del concepto de territorios trans-fronterizos y de seguridad, aspectos que también podrían invertirse, o ser reversibles, para un pensamiento de la temporalidad y la diferencia que amplié las posibilidades de convivencia de los pueblos tradicionales en los contextos actuales.
    En otras palabras, este trabajo trae la contribución de representantes indígenas de diferentes pueblos en situación trans-fronteriza, y de modelos de intervención indigenista en diálogo con la antropología contemporánea y las comunidades académicas del sur continental.
  • Orivaldo Nunes Junior (UFAM)
    Uti possidetis Guarani: do Mapa das Cortes (1749) ao Mapa Guarani Digital (2016)
    Resumo: Os Guarani da Bacia do Rio da Prata viveram com a maior parte de seu território sob a ocupação portuguesa desde 1514 e espanhola desde 1542. O vice-reinado do Peru, capital em Lima, comandava a Audiência e Chancelaria Real da Prata dos Charcas, o mais alto tribunal da Coroa Espanhola na zona conhecida como Alto Peru (hoje Bolívia), e a Gobernacion del Guayrá (hoje Paraguai). Até 1776, foi parte do Vice-reino do Peru, logo foi parte do Vice-Reino do Rio da Prata. Passou a ser a Intendência de Assunção do Paraguai em 1782, o que incluía os trinta povo das Missões em território Guarani, após a resistência contra os ataques de Portugal e Espanha para expulsar os Guarani do oriente para o ocidente do Rio Uruguai, chamada de Guerra Guaranítica (1750 a 1755). A disputa de fronteiras entre os reinos de Portugal e Espanha gestaram o Mapa das Cortes (1749) que balisou o Tratado de Madrid (1750) que instituiu o princípio de direito romano "uti possidetis" segundo o qual os que de facto ocupam um território possuem direito sobre este, uma espécie de Usucapião medieval. Com isto, portugueses e espanhois tentavam comprovar que não haveria "terra nullius" (terra que pertence a ninguém) nos territórios fronteiriços e, assim, reduzir a possibilidade de guerras de impérios. Após as Guerras Napoleônicas (1810) destituirem o poderio imperial espanhol, os vice-reinados nas américas iniciaram suas disputas territoriais internas. O vice-reinado do Rio da Prata, a partir de sua capital Buenos Aires, buscou independência e compôs as Províncias Unidas do Rio da Prata, anexando a Gobiernacón del Guayrá que resistiu buscando sua própria independência (1811). As disputas territoriais comandadas desde Rio de Janeiro, Assunção, Buenos Aires e Montevideo, tentaram abocanhar o espólio espanhol numa disputa que durou décadas de resistência, culminando na Guerra do Paraguai (1864-1870) que reduziu não apenas as terras, mas as vidas da população Guarani que, mais uma vez, resistiu em suas terras divididas entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Os indígenas da Bacia do Rio da Prata até a atualidade resistem à ocupação de seu território e aguardam o novo ciclo cósmico de destruição e recriação, chamado por etnólogos de Yvy Mara'ey (Terra sem males), onde terão oportunidade de reabitar seu território tradicional, o Yvyrupá (berço da terra) conforme fora criado por Nhanderu Nhamandu, o primeiro, criador dos Tekoá, local onde se vive conforme as regras, o Tekó, mantendo os corpos, Ekó, purificados para serem habitados pelos Nhe'e, conforme demonstram o "uti possidetis" Guarani na publicação do Mapa Guarani Digital (2016). A teoria da multiescalaridade fractal pode auxiliar na compreensão dos ciclos micro, médio e macro que compõe a resistência Guarani no espaço e no tempo.
https://www.34rba.abant.org.br/

22 de nov. de 2023

Anais do IV Seminário Povos Tradicionais, fronteiras e geopolítica na América Latina: uma proposta para a Amazônia

 Estão no ar os Anais do IV Seminário Povos Tradicionais, fronteiras e geopolítica na América Latina: uma proposta para a Amazônia. O e-book reúne textos e transcrições das falas dos palestrantes que estiveram neste evento, realizado na modalidade on-line pelo LEPAPIS entre os dias 15 e 17 de junho de 2021. 

O acesso é gratuito em Universidade do Estado do Amazonas - Repositorio: Anais do IV seminário internacional povos tradicionais, fronteiras e geopolítica na América Latina: uma proposta para a Amazônia







10 de ago. de 2022

Publicação do livro "Cartografías, mapas y contramapas"



Prezades leitores disponibilizamos o audiovisual enviado pelo Prof. Vladimir Montoya da Universidad de Antioquia- Colômbia, e coordenador da Rede Internacional de Estudos Socioespaciais que apresenta a publicação Cartografías, mapas y contramapas, com referência no IV Congresso Internacional de Estudos Socioespaciais realizado na cidade de Medellín-Colômbia- 2016.  Estamos também postando o livro eletrônico da publicação mencionada disponível para download gratuitamente.

Lembramos que o Lepapis/Ufam faz parte da Rede Internacional de Estudos Socioespaciais, e sediou no ano 2011 o III Congresso Internacional de Estudos Socioespaciais.

Cordialmente
José Basini
Laboratório Panamazónico
Dan/Ppgas/Ifchs
Universidade Federal
do Amazonas
Amazonas, Brasil.

[Livro] Cartografías, mapas y contramapas  

[Vídeo] Reseña del autor: "Cartografías, mapas y contramapas"











18 de jun. de 2021

Nota pública de repúdio ao governo Bolsonaro marca encerramento de Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais

 

Manifesto apoia a luta e defesa dos Direitos Indígenas e das Populações Tradicionais

 

Após três dias de intensos debates, o IV Seminário Internacional sobre Povos Indígenas, Fronteiras e Geopolítica da América Latina: uma Proposta para a Amazônia terminou hoje, 17 de junho de 2021, com a leitura de uma nota pública de repúdio ao governo federal brasileiro contra as violações das garantias constitucionais dos Povos Indígenas, comunidades Quilombolas e Populações Tradicionais.

O manifesto é da Rede do Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica na América Latina, através de suas diferentes instituições e público participante, em sintonia com a organização do evento, o Laboratório de Estudos Panamazônicos, Prática de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia e do Programa de Antropologia Social (PPGAS), Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Ressaltando nominalmente o Presidente Jair Messias Bolsonaro, a nota salienta os desmandos do atual governo brasileiro, que “tem manejado as instituições para perseguir e destruir os princípios democráticos do Estado de Direito, arduamente conquistados”. Também se refere à destruição do meio ambiente, com o avanço do desmatamento na Amazônia; invasão e conflitos com garimpeiros em Terras Indígenas em diferentes estados; grilagem de terras e desmonte dos órgãos fiscalizadores e controladores.

Como um dos temas debatidos durante o IV Seminário, a pandemia de Covid-19 também integra a nota, apontando “a incompetência e o descaso no enfrentamento e combate ao coronavírus, o que tem ampliado e gerado uma crise sanitária no país”.

O professor José Exequiel Basini, coordenador do LEPAPIS, explicou que o manifesto refere-se à forma como os direitos diferenciados e conquistas sociais das populações tradicionais têm sido atingidos, produzindo violências, mortes e situações contínuas de vulnerabilidade sobre os estilos de vida de ditas sociedades. “Entre outras coisas, a negação das territorialidades e territórios dos povos tradicionais promovida e potencializada pelo atual Governo Federal, a partir de empreendimentos de alto impacto e mediante o modelo econômico neoextrativo: os agronegócios, a mineração intrusiva em Terras Indígenas e outros modos econômicos predatórios”, assegurou Basini.

Ele lembrou ainda que debates realizados com lideranças indígenas durante o seminário  clarificaram que os Povos Tradicionais não são contra o desenvolvimento do país, mas apoiam um desenvolvimento que respeite os diferentes estilos de vida dos povos amazônicos, “e não aquele pensado apenas para enriquecer as grandes empresas e corporações, que simplesmente se baseiam no capital desenfreado, no sistema capitalista”,

O manifesto termina com a ratificação do apoio e compromisso da Rede e assinantes à pauta e à luta dos Povos Indígenas e das Populações Tradicionais, ‘contra a política genocida do Governo Federal’.

Leia a íntegra em: https://bit.ly/3cRUHih 

 

O IV Seminário

 

Com a participação de 19 instituições, 27 palestrantes, 775 pessoas inscritas, o IV Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica da América Latina: uma Proposta para a Amazônia aconteceu de 15 a 17 de junho, virtualmente. O evento foi uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (DAS/UFAM); Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS/UFAM), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada, o IV Seminário se propôs a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário foi transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube, por onde podem ser acessadas todas as apresentações: https://bit.ly/2RhzaZ1

17 de jun. de 2021

“Dinheiro enfraquece muito nossa autonomia”, diz liderança Yanomami

 

A primeira sessão da mesa-redonda ‘Direitos Socioambientais, Soberania Alimentar e o Presente dos Povos Tradicionais no Antropoceno’, do IV Seminário Internacional Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica na América Latina, Uma Proposta Para a Amazônia, aconteceu no dia 17 de junho, às 9h30 (horário de Manaus) e contou com a presença do Professor Dr. Helberg Chávez (Universidad Nacional de la Amazonía Peruana) de Iquitos/Peru; Armindo Góes, representante Yanomami de Maturacá, São Gabriel da Cachoeira/AM e Christiane Eveng, do Colegiado Negro do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UFAM). A coordenadora da mesa foi a Professora Dra. Maria Helena Ortolan, Chefe do Departamento de Antropologia (DAN) e Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFAM), Manaus/AM.

A camaronesa Christiane Eveng contou um pouco da sua trajetória de pesquisadora no Brasil, onde vive há 10 anos. Ela iniciou seus estudos pesquisando sobre africanos em Manaus e hoje pesquisa sobre tranças de cabelo afro. Ela falou sobre a trança como empoderamento, afirmação de identidade, símbolo de resistência e ancestralidade; sobre apropriação cultural e o significado da trança em várias culturas, em diversas fases da história.

O próximo convidado a falar foi o Professor Dr. Helberg Chávez.  Ele tratou de formas de aprendizado empíricas, ou seja, baseadas na prática, na experiência e observação, e não na teoria. O pesquisador começou a pensar sobre a questão a partir de sua experiência com um líder Kandozi com quem teve contato. Para os indígenas, o aprendizado é prático, e essa é a lógica de reprodução da cultura e que domina os usos da linguagem cotidiana.

Em seguida, foi a vez do líder Yanomami Armindo Góes. Ele saudou as pessoas na língua Yanomami e contou sobre os trajetos fluvial e terrestre, de sua aldeia até a sede do município de São Gabriel da Cachoeira/AM, que durou 10 horas e meia. Com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), Armindo conseguiu participar ao vivo do seminário. Armindo tratou sobre o que define de ‘Soberania

 

 

 

 

Alimentar Primária Yanomami Tradicional’, que, segundo ele, é muito diferente da soberania alimentar das pessoas não indígenas. O indígena explicou que, para a cultura Yanomami, a vida é coletiva e está totalmente relacionada à natureza; seus alimentos não têm proprietários e eles não lucram com a venda dos alimentos. Em relação a projetos financiados pelos não indígenas, ele reconhece que os mesmos nunca deram certo, pois não trazem conhecimento ou aprendizado para a população indígena. Sobre essa questão, afirmou: “o dinheiro enfraquece muito nossa autonomia”. No final, questionou sobre o futuro das populações indígenas.

Essa mesa-redonda está disponível em: https://bit.ly/3q3vEOM

 

O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1

 

16 de jun. de 2021

Aumentam os desafios para migrantes durante a pandemia de Covid-19

  A sessão 2 da mesa-redonda ‘Mobilidades Mundiais, Espaços Transfronteiriços e a Produção do Território em Tempos de Pandemia’, aconteceu nesta quarta-feira, dia 16 de junho, às 14h (horário de Manaus) e contou com a presença da Catalina Sampaio,  representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Manaus/AM, da Professora Dra. Francilene dos Santos Rodrigues, da Universidade Federal de Roraima/BV-RR, e Andrés Fernández, Liderança Mbyá Guarani de  Camaquã/RS, que não participou do IV Seminário ao vivo, mas enviou uma apresentação audiovisual. Quem coordenou a mesa-redonda foi o Professor Dr. Sandro Martins, GEMA - DAN e PPGAS/UFAM.

    A mesa-redonda iniciou com a apresentação enviada por Andrés Fernandes, Liderança Indígena da etnia Mbyá Guarani. A fala de Andrés deixou evidente a insegurança da população indígena, que foi retirada do seu território, por determinações do poder público, não tendo o seu direito à terra garantido.  Andrés falou do momento difícil que o mundo está passando na pandemia e da experiência de ter disponibilizada uma área sem mata, perto da estrada, cedida pelo governo, que inviabilizava a caça e a pesca e que, por isso, a única alternativa era fazer artesanato. Hoje, ele vive em uma área onde pode plantar, mas, por conta do isolamento social da pandemia, ele não pode continuar vendendo seu artesanato.

    Catalina Sampaio, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Manaus/AM, iniciou dizendo: “É muito impactante o depoimento do senhor Andrés”. Ela falou sobre o trabalho realizado pela entidade para garantir o acesso a direitos básicos para refugiados, pessoas que tiveram que se deslocar de forma forçada e os apátridas. Ela afirmou que existem 62.055 pessoas, entre refugiados e migrantes, vivendo em Manaus e que a primeira ação da entidade é providenciar documentos para os que não têm. O trabalho da entidade, segundo ela, também envolve encontrar um abrigo e trabalho para eles, de modo que todos possam se tornar protagonistas da própria vida. A equipe tem a função de pensar de que forma essas pessoas serão reintegradas na sociedade e dar condições para que isso aconteça.

 

    A Professora Dra. Francilene dos Santos Rodrigues, da Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi a última palestrante e levou para a mesa a discussão de um novo tipo de mobilidade global. Ela explicou que qualquer tipo de migração é forçada, seja por questões econômicas, políticas ou ambientais, e citou o exemplo da política intervencionista dos EUA, causando mobilização em vários países, e o caso do Brasil, que voltou ao mapa da fome, resultando em uma mobilidade interna. Também falou sobre a presença de mulheres e crianças nos dados de migração, inclusive do aumento do número de caso de crianças que migram sozinhas. Francilene lembrou que a migração, em muitos casos, também está ligada a interesses internacionais de apropriação dos recursos naturais de países como o Brasil.

    A mesa-redonda terminou com o coordenador Sandro Martins dizendo que a busca de soluções duradouras é o grande desafio, mas que não devemos desistir.

A íntegra dessa mesa-redonda está disponível em: https://bit.ly/3wB5Vj2

 

    O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1

“A pandemia (de Covid-19) não é somente a exposição das desigualdades, é também a produção dela”

   O tema do segundo dia do IV Seminário Internacional, ‘Mobilidades Mundiais, Espaços Transfronteiriços e a Produção do Território em Tempos de Pandemia’, foi debatido nesta quarta-feira, dia 16 de junho, na sessão 1, que iniciou às 9h40 (horário de Manaus).

    O Professor Dr. Eloy Rivas-Sanchez (Athabasca University), do Canadá, dividiu a mesa-redonda com Cristina Rivas, Antropóloga e ativista da Venezuela e o Professor Dr. Vladimir Montoya (Universidad de Antioquia), da Colômbia. Quem coordenou a mesa foi o Professor Dr. Sidney Silva (GEMA - DAN e PPGAS/UFAM).

    Eloy iniciou falando que o momento atual é crítico, pois muitas pessoas ao redor do mundo estão sofrendo e a vida humana está sendo ameaçada de uma maneira, talvez, nunca vista. Ele discorreu sobre a luta pelos territórios, no Canadá, especialmente por aqueles que não possuem documentos, os indocumentados, pessoas que vivem desintegradas da sociedade, são excluídas e têm os direitos básicos negados. Nesse contexto de pandemia, os movimentos que lutam pelos direitos têm tido um papel importante para se repensar as relações humanas e para o resgate de valores como a solidariedade, soterrados pelo neoliberalismo.

   Cristina Rivas tratou da dramática migração do povo venezuelano, especialmente para o Brasil, e lançou uma pergunta: como oferecer uma solução para a humanidade diante de tantos desafios? Ela mesma deu uma possível resposta, quando frisou a importância dos seminários e da educação para pensar em soluções. Cristina falou sobre uma mudança de paradigma nas relações sociais que a humanidade está vivenciando ao mudar do mundo analógico para o digital e questiona se, neste cenário, ganhamos ou perdemos liberdade. Ela agradeceu a receptividade do povo brasileiro e lembrou dos 4,6 milhões de refugiados da Venezuela, segundo a ONU. Cristina disse que a migração venezuelana tem como protagonistas as mulheres, que enxergam no deslocamento a única alternativa possível para sobrevivência diante da profunda crise que atravessa seu país.

    O último convidado da mesa, Vladimir Montoya, tratou das estruturas de dominação e controle que os governos têm exercido durante a pandemia de Covid-19 para conter a disseminação do vírus e que agem sobre as populações consideradas indesejadas, de forma a aumentar a desigualdade social e a injustiça global. Para Vladimir, a pandemia está criando formas inéditas de exclusão: “A pandemia não é somente a exposição das desigualdades, é também a produção dela”.

Essa mesa-redonda está disponível em: https://bit.ly/3iH5EHo

 

 

    O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1

Terriorialidade foi tema central dos debates da tarde do primeiro dia de seminário

 

  Coordenada pelo professor Gilton Mendes dos Santos (NEAI – DAN e PPGAS/UFAM), a sessão 2 da mesa-redonda ‘Os Desafios dos Povos Tradicionais na Conjuntura Neoextrativista Continental’, que teve início às 13h30, do dia 15 de junho, contou com as participações dos professores Renato Athias (UFPE – Recife/PE) e Renato Fernandes Caetano (Faculdade Católica de Rondônia – Porto Velho/RO). 

   Para Renato Athias, o tema da mesa-redonda trouxe uma discussão de vanguarda, diante da situação econômica e de exploração atual, especialmente das Terras Indígenas. Ele citou as explanações das representantes dos povos indígenas que participaram da mesa da manhã, Nara Baré e Marcivana Sateré Mawé, que, conforme Athias, “trouxeram questões fundamentais e uma visão de fronteira e economia bastante diferentes da visão política dominante”.

    O professor apresentou um mapa, apontando as áreas de garimpo no alto rio Negro/AM, que “foram responsáveis por profundas transformações, causando um impacto direto na organização social dos povos indígenas”, na região de São Gabriel da Cachoeira/AM, por exemplo, e trouxe para o debate significativas informações acumuladas durante décadas de estudos etnológicos.

    Em seguida, Renato Fernandes Caetano fez uma exposição sobre a história de Rondônia e as transformações causadas por grandes empreendimentos ao longo da história, como as Missões; os ciclos da borracha, na Amazônia; a estrada de ferro Madeira-Mamoré, entre outros, que impactaram a vida dos povos indígenas e causaram conflitos socioambientais permanentes, acarretando em deslocamentos e redefinições territoriais, além de genocídios e destruição da cultura tradicional dos povos originários.

   O IV Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica na América Latina. Uma proposta para a Amazônia acontece em ambiente virtual até o dia 17 de junho de 2021. O evento é gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada, debatendo temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

 

 

 

 

Todos os participantes que comprovarem presença em 75% do evento terão direito a certificado.

Assista, na íntegra, a essa sessão em: https://bit.ly/3vtU2KE

 

 

    O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1