18 de jun. de 2021

Nota pública de repúdio ao governo Bolsonaro marca encerramento de Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais

 

Manifesto apoia a luta e defesa dos Direitos Indígenas e das Populações Tradicionais

 

Após três dias de intensos debates, o IV Seminário Internacional sobre Povos Indígenas, Fronteiras e Geopolítica da América Latina: uma Proposta para a Amazônia terminou hoje, 17 de junho de 2021, com a leitura de uma nota pública de repúdio ao governo federal brasileiro contra as violações das garantias constitucionais dos Povos Indígenas, comunidades Quilombolas e Populações Tradicionais.

O manifesto é da Rede do Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica na América Latina, através de suas diferentes instituições e público participante, em sintonia com a organização do evento, o Laboratório de Estudos Panamazônicos, Prática de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia e do Programa de Antropologia Social (PPGAS), Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Ressaltando nominalmente o Presidente Jair Messias Bolsonaro, a nota salienta os desmandos do atual governo brasileiro, que “tem manejado as instituições para perseguir e destruir os princípios democráticos do Estado de Direito, arduamente conquistados”. Também se refere à destruição do meio ambiente, com o avanço do desmatamento na Amazônia; invasão e conflitos com garimpeiros em Terras Indígenas em diferentes estados; grilagem de terras e desmonte dos órgãos fiscalizadores e controladores.

Como um dos temas debatidos durante o IV Seminário, a pandemia de Covid-19 também integra a nota, apontando “a incompetência e o descaso no enfrentamento e combate ao coronavírus, o que tem ampliado e gerado uma crise sanitária no país”.

O professor José Exequiel Basini, coordenador do LEPAPIS, explicou que o manifesto refere-se à forma como os direitos diferenciados e conquistas sociais das populações tradicionais têm sido atingidos, produzindo violências, mortes e situações contínuas de vulnerabilidade sobre os estilos de vida de ditas sociedades. “Entre outras coisas, a negação das territorialidades e territórios dos povos tradicionais promovida e potencializada pelo atual Governo Federal, a partir de empreendimentos de alto impacto e mediante o modelo econômico neoextrativo: os agronegócios, a mineração intrusiva em Terras Indígenas e outros modos econômicos predatórios”, assegurou Basini.

Ele lembrou ainda que debates realizados com lideranças indígenas durante o seminário  clarificaram que os Povos Tradicionais não são contra o desenvolvimento do país, mas apoiam um desenvolvimento que respeite os diferentes estilos de vida dos povos amazônicos, “e não aquele pensado apenas para enriquecer as grandes empresas e corporações, que simplesmente se baseiam no capital desenfreado, no sistema capitalista”,

O manifesto termina com a ratificação do apoio e compromisso da Rede e assinantes à pauta e à luta dos Povos Indígenas e das Populações Tradicionais, ‘contra a política genocida do Governo Federal’.

Leia a íntegra em: https://bit.ly/3cRUHih 

 

O IV Seminário

 

Com a participação de 19 instituições, 27 palestrantes, 775 pessoas inscritas, o IV Seminário Internacional sobre Povos Tradicionais, Fronteiras e Geopolítica da América Latina: uma Proposta para a Amazônia aconteceu de 15 a 17 de junho, virtualmente. O evento foi uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (DAS/UFAM); Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS/UFAM), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada, o IV Seminário se propôs a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário foi transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube, por onde podem ser acessadas todas as apresentações: https://bit.ly/2RhzaZ1

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