16 de jun. de 2021

Aumentam os desafios para migrantes durante a pandemia de Covid-19

  A sessão 2 da mesa-redonda ‘Mobilidades Mundiais, Espaços Transfronteiriços e a Produção do Território em Tempos de Pandemia’, aconteceu nesta quarta-feira, dia 16 de junho, às 14h (horário de Manaus) e contou com a presença da Catalina Sampaio,  representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Manaus/AM, da Professora Dra. Francilene dos Santos Rodrigues, da Universidade Federal de Roraima/BV-RR, e Andrés Fernández, Liderança Mbyá Guarani de  Camaquã/RS, que não participou do IV Seminário ao vivo, mas enviou uma apresentação audiovisual. Quem coordenou a mesa-redonda foi o Professor Dr. Sandro Martins, GEMA - DAN e PPGAS/UFAM.

    A mesa-redonda iniciou com a apresentação enviada por Andrés Fernandes, Liderança Indígena da etnia Mbyá Guarani. A fala de Andrés deixou evidente a insegurança da população indígena, que foi retirada do seu território, por determinações do poder público, não tendo o seu direito à terra garantido.  Andrés falou do momento difícil que o mundo está passando na pandemia e da experiência de ter disponibilizada uma área sem mata, perto da estrada, cedida pelo governo, que inviabilizava a caça e a pesca e que, por isso, a única alternativa era fazer artesanato. Hoje, ele vive em uma área onde pode plantar, mas, por conta do isolamento social da pandemia, ele não pode continuar vendendo seu artesanato.

    Catalina Sampaio, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Manaus/AM, iniciou dizendo: “É muito impactante o depoimento do senhor Andrés”. Ela falou sobre o trabalho realizado pela entidade para garantir o acesso a direitos básicos para refugiados, pessoas que tiveram que se deslocar de forma forçada e os apátridas. Ela afirmou que existem 62.055 pessoas, entre refugiados e migrantes, vivendo em Manaus e que a primeira ação da entidade é providenciar documentos para os que não têm. O trabalho da entidade, segundo ela, também envolve encontrar um abrigo e trabalho para eles, de modo que todos possam se tornar protagonistas da própria vida. A equipe tem a função de pensar de que forma essas pessoas serão reintegradas na sociedade e dar condições para que isso aconteça.

 

    A Professora Dra. Francilene dos Santos Rodrigues, da Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi a última palestrante e levou para a mesa a discussão de um novo tipo de mobilidade global. Ela explicou que qualquer tipo de migração é forçada, seja por questões econômicas, políticas ou ambientais, e citou o exemplo da política intervencionista dos EUA, causando mobilização em vários países, e o caso do Brasil, que voltou ao mapa da fome, resultando em uma mobilidade interna. Também falou sobre a presença de mulheres e crianças nos dados de migração, inclusive do aumento do número de caso de crianças que migram sozinhas. Francilene lembrou que a migração, em muitos casos, também está ligada a interesses internacionais de apropriação dos recursos naturais de países como o Brasil.

    A mesa-redonda terminou com o coordenador Sandro Martins dizendo que a busca de soluções duradouras é o grande desafio, mas que não devemos desistir.

A íntegra dessa mesa-redonda está disponível em: https://bit.ly/3wB5Vj2

 

    O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1

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