16 de jun. de 2021

“A pandemia (de Covid-19) não é somente a exposição das desigualdades, é também a produção dela”

   O tema do segundo dia do IV Seminário Internacional, ‘Mobilidades Mundiais, Espaços Transfronteiriços e a Produção do Território em Tempos de Pandemia’, foi debatido nesta quarta-feira, dia 16 de junho, na sessão 1, que iniciou às 9h40 (horário de Manaus).

    O Professor Dr. Eloy Rivas-Sanchez (Athabasca University), do Canadá, dividiu a mesa-redonda com Cristina Rivas, Antropóloga e ativista da Venezuela e o Professor Dr. Vladimir Montoya (Universidad de Antioquia), da Colômbia. Quem coordenou a mesa foi o Professor Dr. Sidney Silva (GEMA - DAN e PPGAS/UFAM).

    Eloy iniciou falando que o momento atual é crítico, pois muitas pessoas ao redor do mundo estão sofrendo e a vida humana está sendo ameaçada de uma maneira, talvez, nunca vista. Ele discorreu sobre a luta pelos territórios, no Canadá, especialmente por aqueles que não possuem documentos, os indocumentados, pessoas que vivem desintegradas da sociedade, são excluídas e têm os direitos básicos negados. Nesse contexto de pandemia, os movimentos que lutam pelos direitos têm tido um papel importante para se repensar as relações humanas e para o resgate de valores como a solidariedade, soterrados pelo neoliberalismo.

   Cristina Rivas tratou da dramática migração do povo venezuelano, especialmente para o Brasil, e lançou uma pergunta: como oferecer uma solução para a humanidade diante de tantos desafios? Ela mesma deu uma possível resposta, quando frisou a importância dos seminários e da educação para pensar em soluções. Cristina falou sobre uma mudança de paradigma nas relações sociais que a humanidade está vivenciando ao mudar do mundo analógico para o digital e questiona se, neste cenário, ganhamos ou perdemos liberdade. Ela agradeceu a receptividade do povo brasileiro e lembrou dos 4,6 milhões de refugiados da Venezuela, segundo a ONU. Cristina disse que a migração venezuelana tem como protagonistas as mulheres, que enxergam no deslocamento a única alternativa possível para sobrevivência diante da profunda crise que atravessa seu país.

    O último convidado da mesa, Vladimir Montoya, tratou das estruturas de dominação e controle que os governos têm exercido durante a pandemia de Covid-19 para conter a disseminação do vírus e que agem sobre as populações consideradas indesejadas, de forma a aumentar a desigualdade social e a injustiça global. Para Vladimir, a pandemia está criando formas inéditas de exclusão: “A pandemia não é somente a exposição das desigualdades, é também a produção dela”.

Essa mesa-redonda está disponível em: https://bit.ly/3iH5EHo

 

 

    O evento é uma realização do Laboratório de Estudos Panamazônicos, Práticas de Pesquisa e Intervenção Social (LEPAPIS), do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Social (IFCHS) da UFAM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É gratuito e destinado a estudantes, professores, lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, representantes dos órgãos públicos, organizações não governamentais, sociedade civil interessada e se propõe a debater temas de importância crucial para a Amazônia das próximas décadas.

O IV Seminário está sendo transmitido pelo canal do LEPAPIS no YouTube: https://bit.ly/2RhzaZ1

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